por T. Austin-Sparks
Capítulo 2 - 'Vida... Prometida Antes dos Tempos Eternos'
Nossa passagem básica para estas mensagens é 2 Coríntios 3:3: “…estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações.” Vimos que o Espírito Santo está escrevendo a vida espiritual do Senhor Jesus nos corações dos crentes, e prosseguimos agora com esta biografia espiritual.
Quando se escreve uma biografia de uma pessoa importante, sempre queremos saber seu início – algo sobre seu nascimento, seu lar e seu país. Isso é muito importante para nós no que diz respeito ao Senhor Jesus, pois desejamos ver a verdade a Seu respeito que o Espírito Santo busca tornar realidade em nós. Seu início deve ser o nosso início; Seu lar deve ser o nosso lar; Seu país será o nosso país. Tudo o que era verdade a respeito dEle no princípio tem que se tornar verdade a nosso respeito espiritualmente. Quando abrimos o Novo Testamento, temos a biografia da vida terrena do Senhor Jesus em três dos Evangelhos, e dois desses Evangelhos nos falam de Seu início e do Seu nascimento terrenos. Eles nos apresentam Sua genealogia, apontando para o início do homem na Terra. O terceiro Evangelho nos apresenta o início de Seu ministério, mas não diz nada sobre Belém, nem sobre Sua mãe terrena, nem sobre Seu lar. Começa apenas com o ministério do Senhor Jesus, quando Ele tinha trinta anos de idade. Mas o quarto Evangelho ignora tudo isso. Não diz nada sobre Belém, nem sobre Nazaré. Não diz nada sobre Davi, nem sobre Adão, mas ignora toda a história terrena e nos conduz direto à eternidade, antes que o tempo existisse. Estou falando do Evangelho de João, que começa com antes do tempo, antes que o mundo existisse, e nos mostra que a Filiação do Senhor Jesus não foi algo apenas temporal, mas eterno e sobrenatural, não natural. João descreve desta forma (e nos inclui com o Senhor Jesus nesta questão): "...os quais não nasceram do sangue (isto é, do sangue de José e Maria), nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus" (Jo 1:13). Nascidos de Deus! Quando o Senhor Jesus nasceu de Deus? Não apenas em Belém, mas lá no passado, antes que o tempo existisse. E o mais maravilhoso é isto: a verdade mais profunda na vida de um filho de Deus é que ele não é um filho do tempo, mas um filho da eternidade, nascido do alto – não nasceu em Belém, nem na Suíça, nem na Inglaterra, nem na Alemanha, nem em qualquer outro lugar aqui na Terra – mas nasceu no alto. Esse é um ato sobrenatural do Espírito de Deus. O que significa nascer? Receber vida. Se, então, nascemos do alto; se o nosso nascimento é sobrenatural, então o elo com o Senhor Jesus é o elo da vida eterna. Precisamos entender isso! Você pode pensar que, quando nasceu de novo, foi em algum lugar que você pode mencionar, mas isso tem a ver apenas com esta Terra. Você não nasceu de novo nesta Terra, mas nasceu onde o Senhor Jesus nasceu. Você não nasceu em nenhuma data que possa referir no calendário terreno. Nasceu na eternidade. Seu lar não é aqui. Seu lar está fora deste mundo e fora do tempo. Nesse sentido, nós, como o Senhor Jesus, nascemos com a vida eterna. Isso é algo maravilhoso. Se a Bíblia é verdadeira, é um livro maravilhoso. Se o cristianismo é verdadeiro, é algo maravilhoso. Estamos tão familiarizados com essas coisas sobre o cristianismo que perdemos um pouco do maravilhamento de tudo isso. Acho que precisamos nos sentar com o nosso cristianismo novamente e pensar ele desta maneira: o Espírito Santo está reproduzindo o que era verdade sobre o Senhor Jesus em nós, e o início da Sua história e o início da nossa história está na eternidade. Você deveria procurar todas essas referências a "antes que o mundo existisse", "antes dos tempos eternos", e nos ver na mente de Deus, lá no passado! “Quanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho" (Rm 8:29), e a primeira coisa nessa imagem é a vida eterna que está nEle. Assim, João inicia seu Evangelho com: “A vida estava nEle” (Jo 1:4), e mais adiante, nesse mesmo Evangelho, Jesus dirá: "Eu vim para que tenham vida" (João 10:10). Em ambas as declarações, pressupõe-se que ninguém, fora de Jesus Cristo, tem essa vida. Se já tivessem vida, por que Ele viria do céu para que a tivessem? Isto é muito elementar, eu sei, mas ainda não fomos muito longe. Este é o início da biografia de Jesus Cristo, que está sendo escrita pelo Espírito Santo nos corações dos crentes. Claro, parece muito simples quando você pensa sobre isso. É muito maravilhoso, muito profundo, mas muito simples, pois a primeira coisa que um filho de Deus recém-nascido de novo percebe é que algo aconteceu que o faz saber que ele não pertence mais a este lugar. Ele tem um novo lar, um novo nascimento, uma nova genealogia, e ela não mais remonta a Adão. Graças a Deus por isso! – mas à eternidade de Jesus Cristo. Você entende que não estou falando sobre a divindade de Jesus Cristo, mas sobre Sua Filiação, e eu mencionei previamente que essa Filiação se relaciona com a humanidade. Não vou discutir isso agora, mas o propósito de Deus ao criar o homem era possibilitar o um relacionamento de Pai e filhos entre Ele e o homem, e isso pela infância para a filiação. Essa é outra coisa sobre a qual não vou discutir! Acho que isso ficará claro à medida que prosseguirmos. Então começamos a biografia na eternidade. Será que você sabe disso? Temos um hino que diz: "Sou um estrangeiro aqui, em terra estrangeira, Meu lar é distante, numa praia dourada."
À medida que avançamos em nossa jornada de vida, descobrimos que estamos nos afastando cada vez mais de nosso nascimento natural, cada vez mais distantes deste mundo, e nos tornando mais conscientes de nosso relacionamento celestial.
Quero analisar dois ou três fragmentos das Escrituras: "Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo. Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida” (Romanos 5:17,18). "...na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos” (Tito 1:2). Essa vida, então, nos liga ao que é eterno. "Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pela vontade de Deus, de conformidade com a promessa da vida que está em Cristo Jesus” (2 Timóteo 1:1). Quer dizer uma ou duas coisas bastante importantes neste ponto. Isso que é chamado de vida eterna é o fator que determina tudo na nossa história e no nosso destino. Não é a religião, nem o ritual, nem a ortodoxia, mas a vida determina a história e o destino humano. Ela governa tudo. A Bíblia é o Livro de Deus sobre a história mundial e o destino humano, e é maravilhoso como a Bíblia é universal. Ela abrange toda a raça humana, governa o destino de todas as nações que a compõem e contém os princípios do destino. E o centro da Bíblia, do começo ao fim, é isso que se chama vida eterna. É o fator que governa tudo. A vida determina se Deus está presente ou não. A questão, até o menor detalhe, é uma questão de vida. Comece com o indivíduo e suas experiências pessoais. Se entendêssemos corretamente, saberíamos que esta questão da vida governa nossas experiências pessoais. Estamos individualmente envolvidos nesta grande questão governante da vida, e isso determina se Deus está conosco. O mesmo se aplica a qualquer grupo do povo de Deus, ou a qualquer grupo de pessoas religiosas. O que determina se Deus existe é esta questão da vida. Deus é a fonte da vida, e Ele não pode estar presente sem que a vida não esteja presente. Isso, certamente, é algo muito profundo para nossas assembleias! Assim, em todas as esferas, esta questão da vida governa. Agora, vamos analisar a Bíblia em três linhas. A vida terrena do Senhor Jesus foi dividida em três seções, e cada uma delas deve ser repetida na vida do crente. Primeiro, houve Seu nascimento e primeira infância; segundo, Sua infância; e, terceiro, Sua maturidade. Essas são três seções distintas na biografia de Jesus Cristo, e toda a Bíblia está dividida nessas três seções principais. A questão em cada uma das seções é a vida.
A primeira seção é o que chamamos de tempo dos antediluvianos, isto é, o povo antes do Dilúvio, e os grandes antediluvianos foram Abel, Enoque e Noé. Essa foi a primeira infância do povo de Deus, da biografia Divina que estava sendo escrita pelo Espírito Santo. Esse momento foi marcado por coisas muito simples, como seria de se esperar. Não esperamos muito quando lidamos com bebês, e aqui temos, naquele período específico, a primeira infância do povo de Deus. Uma coisa simples governou a primeira infância da raça, e é a característica de toda a primeira infância espiritual. Na doutrina, chamamos isso de "Justificação pela Fé". Receio estar um tanto cansado dessa frase, pois soa tão teológica! A justificação pela fé é a marca da primeira infância espiritual, o início da história espiritual, mas acho que parte da música desapareceu dessa frase. O que é justificação? Outra palavra usada é, como você sabe, justiça. Mas o que é justiça pela fé? Adoro uma certa tradução que traduz a palavra "justiça", ou justificação, da seguinte forma: "Estar em situação regular com Deus". Não é encantador? "Estar em situação regular com Deus". Não é isso que o mundo inteiro almeja? Que toda a raça humana deseja? Não é isso que todos nós desejamos mais do que qualquer outra coisa? Sendo Deus Quem Ele é, tão perfeito, tão santo, tão particular, seria possível a nós, sendo o que somos, estar em situação regular com Ele? Sabe, nos negócios isso é muito importante. No mundo comercial, se uma empresa é solicitada a fazer algo por outra, eles olham seus livros contábeis para ver quais transações tiveram com ela antes e dizem: "Eles estão em situação regular conosco? Pagaram todas as suas contas? Estão em dívida conosco?" Eles estão em bons termos conosco? Estamos satisfeitos com eles? Podemos confiar neles? Podemos confiar nossos negócios a eles? Tudo depende se eles estão em situação regular ou não. É assim que acontece entre a humanidade e Deus. No que diz respeito à humanidade, Deus pode perguntar: "Eles estão em situação regular conosco? Estão em dívida conosco? Têm sido corretos em suas transações comerciais?". Tudo isso se resume em uma palavra, no que diz respeito a Deus: "Eles estão no Senhor Jesus? Se estiverem, está tudo bem. Todas as dívidas estão pagas e todos os negócios estão limpos. Podemos prosseguir com eles. Podemos confiar nossos interesses a eles." Isso é estar em situação regular com Deus, justificação pela fé, isso é justificação pela fé. Agora perceba o que Paulo disse naquela passagem da Carta aos Romanos que lemos. Qual é a base do Novo Testamento? Vida devido a uma posição regular com Deus. Isso é maravilhoso! Poderia ser verdade? Irmãos, vocês estão preocupados até a morte consigo mesmos e com a forma como Deus os vê, preocupados porque pensam que Deus os vê como vocês se veem! Vejam esta palavra maravilhosa que é o começo! O antediluviano acaba de receber a vida com base na posição regular com Deus. Isso é tudo! E quanto a Abel? Você acha que ele era um homem perfeito? Mas toda a vida de Abel se resume em uma coisa: ele creu em Deus e sabia que estava em paz com Deus. (Hb 11:4) O que diremos sobre Enoque? Acho que ele foi uma pessoa maravilhosa. Se você ler o capítulo de Gênesis onde Enoque é mencionado, verá que ele trata de pessoas que estavam morrendo por causa do pecado. Este viveu tantos anos e morreu, aquele viveu tantos anos e morreu, e continuamos com toda essa história triste – mas ela é interrompida. Diz apenas, em Gênesis 5:24: "Andou Enoque com Deus – ele estava em paz com Deus – e já não era, porque Deus o tomou para si." Então você retorna para mais da história triste, até chegar a Noé. Toda a terra estava cheia de iniquidade. O coração de cada homem era mau, mas havia um homem com sua família que se apoiavam em um único fundamento. Noé, diz Pedro, era um "pregador da justiça" — um pregador da retidão diante de Deus. O mundo inteiro não estava em retidão diante de Deus, então teve que morrer, mas Noé e sua família, que estavam em retidão diante de Deus, foram salvos da morte e do julgamento. Eu disse que isso era primeira infância? Acho que há muitos cristãos que ainda não passaram da primeira infância! No entanto, é maravilhoso ter chegado tão longe! Os coríntios não haviam ido além de Noé, pois Paulo disse que eles ainda eram bebês. Eram do Senhor, porque haviam compreendido a verdade da justificação pela fé, mas a biografia parou naquele capítulo. Eles ainda estavam na primeira infância muito depois de terem passado para o capítulo seguinte. Você entende o que estou tentando dizer? É que Deus ordenou toda a história da humanidade sobre essa base da vida, e o início dela se dá com base na justiça diante de Deus.
A segunda etapa da vida do Senhor Jesus nesta Terra foi a Sua infância, a Sua meninice. Não temos muitas informações sobre a Sua meninice no Novo Testamento. Há poucas coisas ditas sobre ela, mas foi um longo período, e não podemos acreditar que tenha sido um período vazio. O Novo Testamento diz que Ele "crescia… em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens." (Lc 2:52). Ele cresceu em retidão diante de Deus. O segundo período da biografia espiritual de Jesus Cristo é muito mais completo do que isso; na verdade, ocupa praticamente todo o restante do Novo Testamento, pois é o período entre o nascimento e a perfeição. Afirma que Ele "foi aperfeiçoado" (Hb 5:9). O que isso significa? Pode criar um problema para você, pois Aquele que era sem pecado, a quem consideramos perfeito, foi APERFEIÇOADO, mas, é claro, a nossa ideia da palavra "perfeito" não é a ideia do Novo Testamento. O significado da palavra "perfeito" no Novo Testamento é "ser tornado pleno ou completo". Embora para nós possa significar sermos feitos transformados no sentido da natureza, não foi assim com Jesus Cristo. O Espírito Santo estava trabalhando naquilo que ainda não estava completo, para torná-lo completo. Será que vou me meter em encrenca com o que vou dizer agora? Vou perguntar àqueles que foram salvos há, digamos, sessenta anos: "Vocês estão melhores hoje do que eram no princípio?". Eu fui salvo há sessenta anos e acho que estou muito pior hoje do que quando fui salvo! Isso soa terrível? Mas vocês sabem o que quero dizer: não sou mais perfeito hoje do que era há sessenta anos. Se vocês estão falando da minha natureza humana, do que sou como filho de Adão, bem, o velho Adão é tão problemático para mim hoje quanto sempre foi! E, no entanto, algo está acontecendo em nós. Às vezes digo: "Bem, posso estar bem ruim hoje, mas só o Senhor sabe o que eu teria me tornado se Ele não tivesse me salvado!" Este é o período da infância à idade adulta. Creio que o Senhor Jesus passou por muitas tentações e muitas provações durante aqueles trinta anos. Temos apenas um pequeno vislumbre de Sua vida familiar, pois Ele tinha alguns irmãos e irmãs, e, você sabe, irmãos e irmãs podem realmente colocar você em apuros! Eu tinha alguns irmãos e irmãs e não era o mais velho da família! Então, eles frequentemente eram uma grande provação para mim. Jesus tinha alguns irmãos e irmãs, e somos informados de que Seus irmãos não acreditavam nEle. Não é fácil quando as pessoas da sua própria família não acreditam em você. 'Ah, ele pensa que é alguém! Ele tem um monte de ideias estranhas, mas vamos tirar tudo isso dele!' Não é assim que eles falam? Jesus não estava isento dessas dificuldades e provações, e isso durou trinta anos. Não sei o quanto Maria contou a seus outros filhos e filhas sobre Jesus, ou se ela ainda guardava tudo em seu coração, mas eles podiam ver que Ele era diferente, e isso foi o suficiente para provocar oposição. Bem, não preciso dizer mais nada sobre isso. O período da infância era um período de disciplina, de aprendizado, de educação. O Antigo Testamento descreve esse período, e é bastante longo, pois é o período dos Patriarcas. Quem são os Patriarcas? Abraão, Isaque, Jacó, José e Moisés. Vocês percebem que período foi de educação? Deus tinha esses homens em Sua escola e estava ensinando-lhes as leis da vida Divina. Visitem Abraão na escola e vejam o que ele estava aprendendo sobre as leis da vida Divina! Isaque estava na escola? Ele estava aprendendo as grandes leis da vida Divina? Deixe-me colocar isso de outra forma. Isaque estava sendo ensinado sobre os princípios da vida ressurreta? Temos algumas ideias erradas sobre esses homens, e muitas vezes pensamos que Isaque era um garotinho e que Abraão poderia pegá-lo no colo e colocá-lo no altar. Do nosso ponto de vista, ele era um homem adulto naquela fase, não era nem mesmo um adolescente. Ele havia crescido e adquirido vontade, mente e sentimentos próprios, e poderia ter resistido ao pai. Poderia ter se rebelado contra ele e estava em uma escola difícil, pois teve que entregar tudo à morte para poder aprender a lei da vida ressurreta. De Isaque, passamos a Jacó. Precisamos dizer algo a respeito de Jacó? Ele estava na escola? Ele estava em uma escola realmente muito difícil! A disciplina na vida de Jacó foi muito severa, pois Deus a impôs. No entanto, ele se saiu bem no final e se tornou o pai da nação, das doze tribos. Isso foi ressurreição! Isso foi vida a partir da morte! Isso foi vitória a partir da adversidade!
Agora você está se perguntando qual será a próxima fase do Antigo Testamento! Bem, é claro que omito muita coisa e chego à fase dos Profetas. Essa é, na verdade, uma fase mais longa do que a parte do Antigo Testamento chamada Profetas, pois Samuel foi um Profeta. Você percorre toda a escola dos Profetas e, quando os ouve, o que ouve? Consegue ouvir os Profetas? Eles choram, gemem, sofrem. Do que se trata tudo isso? É o trabalho da vida. É a fase madura, a fase da varonilidade do Antigo Testamento. Essa fase — o trabalho da vida — começou imediatamente quando Jesus saiu do Jordão. A batalha pela vida começou a partir dali e, dali em diante, até a cruz, foi o trabalho da vida. Essa grande coisa chamada "vida eterna" entrou em um grande conflito no universo, e o Calvário se tornou o centro de todo o universo. Não foi algo que aconteceu apenas em um pequeno lugar chamado Palestina, nos arredores de Jerusalém. Alcançou o mundo inteiro e, em seguida, se estendeu além desse mundo. O Calvário foi uma grande batalha cósmica. Paulo diz que Ele despojou principados e potestades em Sua cruz (Cl 2:2). Foi a grande labuta da vida. Agora, queridos amigos, isso deve nos ajudar a entender o que o Espírito Santo está fazendo conosco. Não quero desencorajar os jovens cristãos, nem lançar uma sombra sobre o crescimento de sua vida cristã, mas devo dizer o seguinte: quanto mais avançamos com o Senhor, quanto mais vivemos e caminhamos próximos dEle, mais intensa se tornará esta labuta da vida. Seria Isso verdade? O que você sabe sobre isso? Às vezes, quando passamos por uma experiência muito difícil, dizemos: "Não fica mais fácil à medida que envelhecemos!". Você poderia pensar que, tendo caminhado com o Senhor por tantos anos, Ele nos deixaria ter um pouco mais de facilidade no final, mas Ele não faz isso. Isso explica alguma coisa para você? As coisas estão ficando mais difíceis e, às vezes, o diabo diz: "Ah, isso é porque o Senhor não está com você". Se aquele grande Senhor em quem você crê estivesse com você, você não teria essas dificuldades!' Foi exatamente isso que o diabo disse ao Senhor Jesus quando Ele estava na cruz. 'Seu Pai o abandonou. Você está sofrendo assim porque Ele o abandonou.' Veja como o diabo distorce as coisas! Mas a maturidade espiritual envolve um intenso conflito. Eu disse que o terceiro período do Antigo Testamento, o dos Profetas, é o trabalho da vida. Como os Profetas estão sofrendo para trazer de volta essa vida Divina em plenitude ao povo de Deus! Sim, o Antigo Testamento se encerra – mas o que você vai dizer sobre a conclusão do Antigo Testamento? Ele se encerra em tragédia, em desesperança? De jeito nenhum! Ele se encerra para que o Novo Testamento possa se abrir, e para onde se traduz as dores de parto no Novo Testamento? Uma nova história tem início. Das dores de parto "um menino nasce, um filho se dá", o Antigo Testamento é elevado ao plano celestial, e o Espírito Santo recomeça no reino espiritual. Ele começa com o nosso novo nascimento, nos leva ao período de crescimento espiritual, onde aprendemos as leis da vida espiritual, e então prossegue para as dores de parto da vida para que o Reino venha, e somos chamados a compartilhar esta parte da biografia de Jesus Cristo: "se sofrermos, também reinaremos com ele” (2Tm 2:12 - ARC). E qual foi o sofrimento de Jesus? Foi o trabalho da Sua alma para que Ele visse a Sua semente, prolongasse os Seus dias e ficasse satisfeito. É isso que Ele está fazendo em nós agora pelo Espírito Santo. O Espírito Santo está trabalhando para esse fim — para que Ele seja satisfeito, e nós seremos satisfeitos quando despertarmos à Sua semelhança.
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